quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Pentium 4 Extreme Edition dá para Usá-lo Ainda?


Fonte: www.computerbase.com.de
Em meados de 2003, a Intel perdia campo para a AMD e sua otimizada linha de processadores entusiastas da linha FX, como resposta a Intel lança uma nova plataforma com um novo soquete, o mítico LGA775, que durou muitos anos e foi utilizado em sua última versão pelos Core 2 Quad. Em uma de suas revisões essa plataforma recebeu o chipset 925X, que possuía suporte a pci-express 16x e memórias RAM padrão DDR2!
Juntamente com essa nova atualização a Intel lançou também uma nova versão da sua abominável linha Extreme Edition, dos então falados Pentium 4. Com 3.4GHz e estreando o   conceito de memória cache Level 3 nos desktops, seu núcleo Gallatin, baseado nos poderosos processadores corporativos Xeon, dava suporte para tal agregado e ainda possuía 512KB de cache L2, FSB de 800MHz e Hyper-Threading.
A comunidade entusiasta aguardou com expectativa o novo chipset e o Pentium 4 Extreme Edition, porém a decepção foi imediata.  O que foi visto não foi o esperado, a nova plataforma com seu mais poderoso e caro processador não superava em praticamente nada o FX-55 e a coroa dos Single Core mais poderoso morreu com o modelo FX-57. Um detalhe a ser considerado é que essa versão do Pentium 4 Extreme Edition ainda não dava suporte à instrução X64, ainda exclusiva da AMD, que não era tão importante na época.
Na realidade o chipset 925X foi mais bem aproveitado com uma nova geração de Pentium 4, pois o Extreme Edition em questão já sofria de vários problemas:
Aquecimento: caso tenha uma dessas relíquias, jamais utilizar coolers padrões, pois ele é bem “esquentado”.
Apesar do suporte maciço e da quantidade de placas mães e chipsets  para processadores LGA775, não são todas que dão suporte para ele, talvez um simples update de bios seja o suficiente para esse processador não ser mais reconhecido.
Auto consumo de energia: medonhos 102,9W!?
Altíssimo custo: absurdos $1000,00 (assim como os atuais Extreme Edition).
Mas então! Um processador de $1000,00 com um conjunto entusiasta de sua época conseguiria executar tarefas corriqueiras como editar uma apresentação, navegar na internet e jogar games populares depois de 13 anos? Qual o seu desempenho em benchmarks simples porém atuais?
É justo usar um kit entusiasta de 2003/2004 para esse teste. Então tem-se:
  • CPU Pentium 4 Extreme Editon ES @3.4GHz LGA775, 800MHz, 2MB cache L3 e                   512KB de cache L2, HT habilitado.
  • Cooler Evercool Buffalo 775.
  • Placa mãe Asus P5NSLI com chipset NVIDIA 570 SLI (Sim! Essa suporta o                     processador).
  • 2x 1GB DDR2@ 667MHz Kingston, com Dual-Channel habilitado.
  • Fonte: 450W reais.
  • VGA:Nvidia 6800XT 256MB@256bits.
  • HD Samsung SATA 160GB@7200RPM 
Para dificultar ainda mais o reconhecimento desse processador pelas placas mães, o indivíduo em questão é Engineering Sample! Porém a boa Asus P5NSLI, mesmo não utilizando o raro 925X deu total suporte para ele ainda acrescentando suporte a SLI!

           A primeira decepção começa quando tenta-se instalar o Windows 10/8/8.1 e recebe-se a seguinte mensagem de erro.
Fonte: Acervo Pessoal
Atualmente as coisas complicaram mais ainda para senhor “marombado” que ousou desafiar o mito FX-55. Devido à falta de recursos atuais como o NX (segurança baseada em hardware), esse P4 EE não dá suporte para o Windows 8, 8.1 e 10 que necessitam de tal segurança habilitada, então mesmo que seja a versão x86 e suporte o conjunto de instrução multimídia SSE2, não haverá como instalar as versões mais atuais desse Sistema Operacional, contentando-se com o Windows 7 x86 como a melhor e mais nova opção.
O software Aida64 será usado para monitorar a temperatura e o monitor de recursos do Windows 7 para o quanto está sendo usado do processador e memória RAM.
Ao abrir o navegador Google Chrome 54.0.2840.71, tem-se o uso da CPU entre 95% a 100% com duas abas abertas, uma com o site www.globo.com e a outra com www.lancenet.com.br, algo extremamente ruim, pois não são sites tão pesados e mesmo após seu total carregamento o processamento ainda manteve-se entre 80% a 85%. Assistir vídeos em HD no YouTube é uma tarefa praticamente impossível com essa configuração. Percebe-se que o problema não é a quantidade de memória RAM ou desempenho gráfico, mas sim o uso do CPU que não descola dos 100%. 
Fonte: Acervo Pessoal
Ao editar uma apresentação no Microsoft Power Point 2007 o uso da CPU fica em torno de 5%, algo bem baixo e esse trabalho é feito sem muitos percalços. O mesmo serve para o Word 2007. A dificuldade começa a aparecer quando há necessidade de se abrir um navegador junto com o editor, causando um pouco de lentidão quando a página está em primeiro plano, mas ainda dá para trabalhar de forma intermediária utilizando ambos os recursos, talvez um pouco incômoda para quem esteja acostumado com os processadores multi-núcleos atuais.

Fonte: Acervo Pessoal
Assistir um episódio de Dragon Ball Super no formato MKV a 1080p não parece uma tarefa difícil para os processadores atuais, mas e para esse Extreme Edition?
Usando o VLC Player (primeira imagem), o resultado não foi satisfatório, mesmo usando 100% do seu potencial houve vários estouros de pixel e delay na imagem, porém esse problema foi facilmente contornado quando utilizou-se o Media Player Classic, o mesmo vídeo rodou de forma satisfatória variando entre 54% a 84% do seu poder de processamento.

VLC Fonte: Acervo Pessoal
MPC Fonte: Acervo Pessoal
Outro problema é sua temperatura, quase sempre com 100% de processamento, mesmo refrigerado por um Evercool Buffalo, ainda fica em torno dos 60° Celsius, muito próximo dos 66° citados pela Intel como máxima temperatura suportada, por isso não é aconselhável a utilização dos coolers box da Intel. Quando em modo ocioso, fica em torno dos 50°.
Alguns testes foram feitos para medir o seu desempenho com softwares de benchmarks sintéticos mais simples para futuros comparativos. Eles são:
  • Cpu-z Bench CPU
  • Cpu-z Stress CPU
  • Super PI 1.9 WS
O desempenho observado no CPU-Z Bench CPU é baixo. O interessante é que mesmo utilizando do recurso Hyper-Threading, que gera um núcleo virtual,  a pontuação tanto no Single Thread quanto no Multi Thread é parecida. Na verdade no Multi, houve ainda uma pequena baixa em relação a Single. Na imagem abaixo, prova-se a configuração mencionada e o resultado circulado em vermelho.A caráter de comparação, mesmo que esdrúxula, um i7 5930k dá em torno de 1600 pontos no Single e mais de 10000 no Multi, levando-se em consideração que quanto mais pontos melhor o desempenho.

Fonte: Acervo Pessoal
Após o teste de desempenho, a medição de temperatura sob estresse era necessária e para isso usou-se o CPU-Z Stress CPU que leva ao limite as threads reais ou virtuais dos processadores. Depois de mais ou menos 5 minutos, a temperatura oscilava entre 59° à 61°.
Fonte: Acervo Pessoal
              No Super PI 1.9 WS de 1MB, ele conseguiu fazer o calculo em 47 segundos. 
Fonte: Acervo Pessoal

 Assim como os processadores desktops entusiastas atuais, o Pentium 4 EE também era voltado para gamers hardcore de sua época e então nada mais justo do que testar no mínimo um game popular no Brasil. Vale ressaltar que nesse tipo de aplicação, o conjunto CPU, VGA e RAM podem fazer diferença.
 League of Legends versão 6.21 foi escolhido, um dos games mais populares da atualidade. Juntamente com DOTA, popularizou o gênero MOBA por tudo o mundo.
Fonte: Acervo Pessoal

Fonte: Acervo Pessoal

 Usando as configurações médias, resolução 720p, FPS ilimitado e sem anti-aliasing, o computador se comportou de forma satisfatória para um veterano de 13 anos de idade. Mantém uma média de 30 fps em batalha com muitos elementos e com campo limpo, chega a dar mais de 60 fps. 
   Para um bom entendedor, Extreme Edition é sinônimo de multiplicador externo desbloqueado. Nessa versão não! Aqui o Pentium 4 EE ainda possui multiplicador limitado a no máximo 17x e clock interno de 200MHz. Esse clock pode ser ligeiramente alterado, porém haja coragem para aumentar ainda mais o VCore desse comilão de energia. Na realidade seu potencial mesmo com uma boa placa mãe é praticamente nulo.
  No final, esse teste mostra que um Pentium 4 Extreme Edition com núcleo Gallatin ainda tem um resto de vida na selva virtual atual, porém está bem desgastado! Esse bravo processador vive atualmente em uma CTI  estagnado ao estado crítico em um hospital temporal que não para. A falta de suporte às instruções X64, atualmente já o deixam a um largo passo atrás do seu concorrente histórico, o FX-55 e para piorar, a falta de recursos não dá mais suporte para as nova versões do Windows. São 13 anos de existência desse processador que trouxe um pouco do poder computacional dos Xeons da época para os computadores residenciais, claro, a um altíssimo custo. Praticamente não se ouve mais falar dessas linhas ultrapassadas, mas para um bom apreciador, ver um exemplar desses 100% funcional nos tempos atuais é muito nostálgico, mesmo que seja por curiosidade!